quinta-feira, 27 de julho de 2017

Castorina Chaves Pinto - A Rainha dos Apelidos

Castorina Chaves Pinto nasceu em Aracati em 24 de janeiro de 1883, única mulher dentre os 16 filhos do casal Francisco do Carmo Pinto Pereira e Cândida Chaves Pinto. Trabalhou como funcionária pública municipal, e vendeu rendas e bordados do Aracati em Recife, para onde viajava com alguma frequência.

Dizia gostar de Recife e Aracati porque eram cidades de muita água e explicava: ambas tinham mar e rio, muitas pontes e um porto movimentado;  “não me assombro com água, por isso não tive medo nem mesmo da cheia de 1924...”.


Aracati - cheia do Rio Jaguaribe 

Quando um de seus irmãos, Teófilo Pinto, tornou-se proprietário de um hotel que funcionava onde hoje se encontra o Museu Jaguaribano, Castorina foi trabalhar auxiliando o irmão na administração. Foi neste período que ganhou fama por colocar apelido nas pessoas, fama que a acompanhou até o final de sua vida.

Na mocidade, gostava de festas e dançava bem, mas nunca se casou. Dizia que sua fama não lhe rendia nada, mas reconhecia que muito dos apelidos atribuídos a ela, na verdade o autor era seu irmão Teófilo Pinto; o quando lhe perguntavam qual o apelido do Bispo, respondia: Nunca botei apelido em Bispo. Em padre, sim, porém poucos. O Teófilo é que não respeitava uma patente...



Alguns apelidos se tornaram celebres como o do viajante que, sendo hóspede do hotel de Teófilo Pinto, sabedor da fama de Castorina, tomou cuidado em não ser visto por ela; por isso toda vez que a avistava, procurava se esconder. Desconfiada Castorina não vacilou em chamar aquele estranho hospede de "rato de gaveta".

A fama de Castorina despertava o interesse dos que visitavam a cidade, e atraía muitos curiosos ainda que corressem o risco de sair com um apelido que, quase sempre, lhes cabia como uma luva, que "pegava" de imediato e a pessoa já passava a ser identificada pela alcunha.

Ninguém escapava do humor da aracatiense, a começar por figuras de relevo como o bispo D. Manuel da Silva Gomes, primeiro arcebispo metropolitano de Fortaleza, o bolo enfeitado; outro bispo, D. Antônio de Almeida Lustosa era envelope aéreo; Dom Helder Câmara, pombinha do céu; o interventor Menezes Pimentel “carretel de linha preta; o coronel Querubim Chagas, noite ilustrada e o filho do coronel, suplemento de noite ilustrada 

   
Castorina com os seus colegas funcionários da prefeitura de Aracati


Um louro baixote, prego dourado; um juiz que tinha uma cabeça grande, virou cabeça de comarca, um rapaz que não arranjava casamento, era cédula falsa, um coxo, pé de vírgula;  macaco sem rabo; ponteiro de segundos; tostão de broa, ninguém saía de Aracati sem ser contemplado com uma alcunha, presente de Castorina.

Certa vez sentiu-se ofendida quando no meio de uma brincadeira, um dos amigos perguntou por que ela falava de modo tão incessante, que ela estava parecendo uma seriema-fora-do-bando. Então, o feitiço se voltou contra a feiticeira e Castorina ganhou também seu apelido. 



Castorina Pinto Chaves faleceu em Fortaleza aos 83 anos de idade, vivendo de sua aposentadoria e morando numa casa modesta da Rua Franklin Távora, sempre alegre e receptiva a uma boa conversa. A fama não lhe rendeu dinheiro, mas serviu para projetar a cidade de Aracati como a "Terra dos Apelidos". A então prestigiada revista “O Cruzeiro”, de circulação nacional, fez uma cobertura jornalística do seu falecimento.

imagens Castorina: 
http://www.luacheia.art.br/aracati/memoria/570-ruas-do-aracati-castorina-pinto.html


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