segunda-feira, 30 de maio de 2011

As Irmandades Religiosas no Ceará

 
Foto do livro Ceará Terra da Luz 

No período colonial, as irmandades religiosas tinham uma grande influência na vida da população. Tendo origem nas confrarias da Europa medieval, consistiam em associações religiosas de leigos, cujo propósito era cultuar um santo através de procissões, festas, construção de templos, prática de caridade. 
Também se responsabilizavam pela assistência social e pelos enterros dos seus associados – que se davam no interior das igrejas.

procissão das candeias em Juazeiro do Norte 
(foto do livro Ceará Terra da Luz)
Uma das maiores preocupações do homem no período colonial era com a morte, pois as pessoas sem posses acabavam sendo sepultadas nos campos e areais, enquanto os membros das confrarias eram assistidos por seus pares, que davam assistência a órfãos e viúvas, cuidavam do funeral e rezavam pela alma do falecido.
Existiam irmandades apenas de brancos, as de brancos e pretos, outras de pardos e algumas, mais raras, só de pretos, compostas quase sempre de escravos e de ex-escravos. As reuniões das confrarias, contudo, acabavam sendo também espaço de congraçamento social, pois possibilitavam contatos entre as pessoas para conversar, rever e fazer amigos, inteirar-se das novidades, e praticar outras ações, que fugiam a rotina do dia a dia. 
As irmandades, em razão da escravidão e das diferenças sócio-econômicas, funcionavam como entidades de classe, no sentido do termo. Congregando de inicio, pessoas da mesma cor, havia as Irmandades nobres como a do Carmo, a de homens pretos como a do Rosário, e uma de São Francisco para os mulatos.


As Igrejas do Rosário e do Carmo são algumas da igrejas de Fortaleza construídas por Irmandades religiosas

No que tange às irmandades no Ceará, era também objetivo de quase todas, a assistência aos irmãos mal sucedidos nos negócios ou com problemas financeiros. Destas, a mais preocupada com a assistência social, teria sido a Irmandade do Santíssimo Sacramento da cidade de Aracati, que recomendava insistentemente a aquisição de meios para instituição de um Montepio que teria por fim socorrer de preferência as famílias dos confrades que venham a cair em indigência.
Algumas irmandades como a dos Homens Pretos eram abertas à participação de mulheres, enquanto outras, a exemplo da Irmandade do Santíssimo eram formadas apenas por homens. A devoção ao Rosário da Virgem Maria possivelmente chegou ao Ceará com os negros vindos com os primeiros colonizadores. Entre os templos erguidos por essas irmandades está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Fortaleza.
A Irmandade mais antiga do Ceará, seria a da cidade de Russas, fundada em 1728.

Fonte:
História do Ceará, de Airton de Farias
As Irmandades Religiosas no Ceará Provincial, de Eduardo Campos         

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